terça-feira, 29 de dezembro de 2009

As cozinhas e, o tempo...

Olá amigos, bom dia.

Eram 14:00h; estava na rua e de repente recebo um telefonema. Um convite para almoçar. Alí, perto de onde eu estava seria o local do encontro, em uma famosa churrascaria. Mais ainda, na mais famosa churrascaria da minha cidade. A fama vem de uns 40 anos ou um pouco mais. As pessoas que me convidavam naquele momento, viam em suas mentes o "passar do filme" daquele lugar de boa comida, bons frequentadores, bom atendimento; só que um filme rodado há quarenta anos.

Desliguei o telefone e na minha cabeça imediatamente acenderam-se as luzes do tal Cinema, onde " o filme" fora rodado no passado distante.

Pensei: estão pretendendo me levar a um bom restaurante, onde se come bem, se é bem atendido, uma casa bem montada. Coisa fina... É convite de quem quer me presentear ou mesmo me agradar com algo muito, muito bom.

Fui para o local do encontro e em uns 5 minutos já estava lá, na porta. Alias, famosa por suas longas filas de espera, formada por clientes desejosos de tudo o que citei antes e mais um detalhe importantíssimo: estar naquela fila, naquela calçada, é o mesmo que atestar para todos da cidade que somos privilegiados.

Nos dez minutos que fiquei "na porta" esperando pude observar, nas diversas vezes que ela era aberta por um senhor que lá atende há uns 30 anos, o público que estava no interior da casa.

Formado em sua maioria (50%) por pessoas de 60 anos e bem mais, que lá iam quando a churrascaria foi aberta. Uma outra parte (30%) por gente aparentando seus 45 e um pouco mais, que eram os filhos dos citados anteriormente que foram doutrinados. E, um pequeno grupo de crianças e pré-adolescentes, filhos destes doutrinados, que agora passaram a doutrinadores.

Sobre o que é servido lá, como é servido e como é produzido; não preciso falar, pois todos aqueles que lá estavam sabiam de cor o cardápio e outras coisinhas mais. Sabiam. O mais interessante é que frequentam hoje, degustando sabores já inexistentes de um passado distante.

Chegam os postulantes do convite.

Todos parados naquela calçada, naquela "porta"... e então convido-os a irmos a outro lugar.

Que tal mudarmos de ares e experimentarmos novos restaurantes que abriram a pouco, aqui perto?

Porque? Perguntam todos.

Deem uma olhadinha "no filme", eu disse, quando aquele senhor sizudo que a 30 anos abrir a cortina da tela (porta do restaurante)...

Aconteceu. Todos filaram num lampejo de olhar, o salão.

Foram apenas uns 5 segundos de escaneamento ótico e pude perceber que os tinha levado a uma viagem no tempo, com o agravante do confrontamento das realidades de "ontem" e hoje.

No sexto segundo, perguntaram em coro:

Onde você vai nos levar mesmo?

E nós fomos ...

Aqueles cinco segundos foram suficientes para que todos sentissem as mudanças do ambiente, serviço, aroma, sabor e outras coisas mais.

Uma cozinha não se sustenta 40 anos com os mesmos equipamentos, tecnicas de preparo, tecnologias, pessoas, filosofia, cardápio. Raras excessões; concordo e conheço algumas.

O Filme do convite inicial ficou amarelado e nosso almoço foi todo alegria e elogios à minha indicação.

Remoçamos 40 anos.
O tempo não para e o desenvolvimento das tecnologias e técnicas, também não.

Feliz 2010 !


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